13 outubro 2012

 Como eu estava com a história preparada para o RPG mas o tempo esta curto pelo menos juntei as ideias num texto (conto?) e quando sobrar um tempinho marcamos um dia por semana para jogar.

(parte da obra de M.M.V., datada de antes da ascensão de Altamira)

Imortalidade

No princípio da nossa civilização, antes da imortalidade estar a disposição para todo ser pensante, vivia-se em uma civilização muito peculiar, nos primeiros anos em que os humanos conseguiram efetivamente eternizar uns aos outros a técnica para tal não estava a disposição universalmente, como a escolha entre quem viveria para sempre e quem morreria foi um impasse, para não dizer uma catástrofe, decidiu-se usar de uma outra inovação tecnológica para ajudar na decisão, iriam usar novos métodos de inteligência sintética para analisar o problema até que houvesse maneiras de disponibilizar para todos a tecnologia da imortalidade.

Neste momento subestimou-se muito a capacidade tecnológica de criar inteligência e valorizou-se demais o potencial de desenvolvimento da tecnologia de imortalidade, o sistema criado para tomar esta decisão era tão bem feito que ele mesmo entendeu a crueldade do ato e começou a apresentar defeitos, que possivelmente eram sua consciência ao escolher quem deveria morrer; ao tentar remover estes supostos erros para forçar uma decisão as pessoas criaram um monstro.

O Sistema, que deu a si mesmo esse nome como forma de não se identificar com os humanos que o criaram, para resolver o problema de quem seria imortal ou não criou o seguinte teste.

Como a tecnologia da imortalidade é muito custosa para ser aplicada a todos vou propor a seguinte ação, a cada 10 anos será feita uma votação e cada pessoa deve declarar se ela quer cooperar ou se ela deseja se preservar, a população dos mundos será então dividida aleatoriamente em grupos de aproximadamente 100 pessoas e as seguintes ações serão tomadas:

Se todas as 100 pessoas do grupo cooperarem elas recebem um tratamento de imortalidade parcial que garante que ela vá viver por 10 anos, desta forma, se todos cooperarem todos serão imortais mas devem votar a cada 10 anos para tal pois o potencial técnico talvez seja suficiente apenas para isso, se não for, o que faltar será distribuído igualmente mas esta é uma hipótese com baixa probabilidade de ocorrer e que será sanada com melhores tecnologias em breve antes de qualquer um de fato morrer pela idade.

Se dentre as 100 pessoas apenas uma única escolher se preservar esta receberá a imortalidade final e viverá para sempre, será informada disso e não precisará mais participar de nenhuma votação. As outras pessoas(99 em média) deste grupo que escolheram cooperar irão participar das votações como se nada tivesse ocorrido mas independente do que votem a partir daí receberão apenas placebo e estão condenadas a morrer de idade naturalmente, seus votos não serão mais contabilizados e não terão interferência alguma em nenhuma votação futura.

Se dentre as 100 pessoas mais de uma escolher se preservar ocorrerá o seguinte, o grupo de pessoas que escolheu cooperar não recebe tratamento durante os próximos 10 anos e envelhece normalmente, mas na próxima votação isso pode mudar de acordo com as regras normalmente caso elas ainda estejam vivas, as pessoas que escolheram se preservar irão todas elas dividir uma única dose da imortalidade parcial ao longo dos próximo 10 anos, ou seja, se duas escolherem se preservar elas envelhecem 5 anos normalmente no próximo período, se 3 escolherem se preservar elas envelhecem 6 anos e 8 meses cada, e assim por diante, elas também votam normalmente na próxima década.

Desta maneira o sistema expressou sua revolta contra a humanidade e o que se sucedeu então é que esta regra foi aplicada e o resultado foi assombroso, no início quase todas as pessoas não envelheceram nenhum ano e aparentemente todos seriam imortais, a dose parcial simples foi aparentemente suficiente para todos sem problemas, mas algumas poucas pessoas começaram a envelhecer e morrer durante a década seguinte, cada vez que alguém morria se fazia mais campanha para todos cooperarem da próxima vez.

Na segunda década ainda houve um número considerável de pessoas que não envelheciam mas o número de pessoas que morreu foi levemente maior que o da primeira década, da terceira década em diante o número de pessoas mortas aumentou consideravelmente e nunca mais baixou até que todo tipo de campanha absurdo foi divulgado, incluindo incentivos para todos votarem em se preservar e similares.

Com isso o Sistema em sua loucura se vingava dos humanos e ao mesmo tempo provava para si mesmo que a humanidade como um todo não era digna da imortalidade, em sua loucura ele construiu uma guerra e essa história já sabemos como acabou.

Agora existe algo curioso sobre isso e que esta vinculado aos dias atuais, o leitor deve estar se perguntando o que ocorreu com as pessoas que escolheram se preservar e foram as únicas no grupo a receberem a imortalidade absoluta. Parte destas pessoas se arrependeu profundamente de ter matado seus companheiros e criou um grupo para angariar poder com o objetivo de reviver todas as entidades racionais que já viveram em algum momento no universo, este grupo são os magos de Insula que conhecemos hoje, ou simplesmente o que chamamos de guilda de magos. Outra parte destas pessoas se arrependeu ainda mais e assimilou a morte passando a ver o assassinato como uma necessidade, insanamente destacando os conflitos morais do ato de matar, este grupo é o que alguns chamam como guilda de assassinos, e não se sabe ao certo se eles realmente existem, a princípio eu imaginava que era apenas uma lenda de nossos tempos, mas começo a pensar que talvez não seja o caso, o conflito interno de viver uma vida eterna as custas da morte de inocentes que escolheram cooperar é suficiente. 

24 julho 2011

Mito - parte 1

 A psynet é um mundo que existe apenas na mente dos psiônicos da Nova Gates, neste mundo qualquer pessoa que tenha acesso a um psiônico pode registrar e compartilhar memórias, entretanto, nem todas as memórias ali registradas são verdadeiras. Nos últimos anos circulou uma história na psynet que gerou comoção devido a dúvida dela ser um mito ou não, na época em que a história original circulava ela estava registrada como uma memória de um residente de Altamira chamado Zeth Armita.
 Zeth é um renascido em Altamira, morreu na Terra no início do século 21 e foi editor de um jornal de um país do leste europeu, não se sabe quase nada a respeito de sua vida na Terra, mas em Gates ele era um ativista político em prol da democracia e liberdade de expressão, isso antes dos estranhos eventos que o fizeram virar uma lenda na psynet ocorrerem.
 Tudo começou no final de um dia de protesto, em Altamira é proibida a manifestação nas ruas de pessoas devido a supostos problemas de segurança, caso haja algum ataque externo as pessoas devem estar dentro das estruturas para garantir a sobrevivência. Apesar de terem se passado mais de dois mil anos da última invasão da cidade esta lei, dentre várias outras, continua sendo observada.
 Zeth no dia protestava contra uma evidência de que haviam assassinos agindo em nome do governo de Altamira dentro da própria cidade, assassinos esses ligados a altos postos administrativos.Como os protestos eram proibidos as pessoas se expressavam por meio de avatares holográficos que saiam para as ruas defendendo os ideais enquanto as pessoas de verdade podiam controla-los de dentro de seus cubos. Depois de um longo dia de protestos Zeth estava exausto e se preparava para dormir quando percebeu que estava acompanhando, dentro de sua casa.
 Uma figura feminina misteriosa estava ali na sua frente, Zeth olhava direto para sua face mas suas memórias não pareciam registrar seu rosto, apenas seus olhos amarelados, Zeth entrou em pânico, acostumado a interagir com pessoas remotamente por décadas jamais pensara que poderia ter sua casa invadida, ainda mais naquela situação, o pânico crescia ainda mais quanto frustado percebia que todas as opções de segurança de sua casa haviam sido desabilitadas, ele estava a merce da morte, mas a figura apenas o observou sem responder às indagações de Zeth por muito tempo, depois da euforia passar finalmente a figura falou:
 - Você não vai morrer hoje Zeth...
 - Pelo visto você já teria acabado comigo... A quanto tempo você esta aqui dentro me observando?
 - O dia todo...
 - OK, já entendi, vocês querem que ei fique quieto...
 - Eu gostaria que você ficasse quieto somente agora, escute antes o que eu tenho para falar, meu nome é... Acho que você já imagina o que eu faço, vou direto ao assunto, eu tenho esse material aqui, quero que você assista e divulgue, eu sugiro publicar na psynet depois, mas você que decide (a figura entrega um cartão de memória a Zeth).
 - Certo (Zeth segura o cartão, suas mãos ainda tremendo).
 - Isso ai é um registro do meu comlink, devo sumir amanhã ou depois, se você não quiser sumir também sugiro usar a psynet e destruir o cartão.
 - Sumir? Vão te matar?
 - Provavelmente...
 - Então porque você esta fazendo isso?
 - Vingança.
 - Eu não mato pessoas...
 - Eu já estou morta...
 - Sei.
 - Bom, ai dentro tem o registro direto da última das minhas ações, no final tem um contato para um psiônico confiável, e os créditos para paga-lo.
 - Antes de eu ver esse negócio aqui eu gostaria de saber porque eu, digo, eu já tive evidências bem mais palpáveis que um vídeo de uma maluca que invadiu minha casa e de uma maneira ou de outra eles acabaram jogando panos quentes em tudo...
 - Pois é, eu sei disso, eu conheci você em um dos meus trabalhos por acaso, das pessoas que conheço você sera o mais útil, porque você não me conhecia antes, e por alguns outros fatores...
 - Mas vai acontecer o mesmo de sempre, porque seria diferente? Em alguns dias vão arrumar alguma desculpa e existe a chance de mandarem um de seus colegas atras de mim...
 - Sim, talvez mandem, você que sabe...
 - Mas porque seria diferente?
 - Eu não quero que todos acreditem, basta que uma pessoa saiba que isso vazou... Você decide o que vai fazer, eu vou indo, adeus.
 Nisso a figura parece atravessar a parece envolta em sombras, junto com ela Zeth percebe mais uma presença, uma sombra enorme, que se curva no teto para caber dentro da sala, fina, com uma face alongada e olhos negros enormes, parte dos cabelos brancos pálidos podem ser vistos saindo de um manto feito de sombras, Zeth grita algum nome, e escuta pela última vez a voz da mulher:
 - Não se preocupe Zeth, ele está comigo...
 E nisso Zeth é deixado sozinho de novo com seu cubo.

15 julho 2011

Bem vindo a Altamira

 Este é o primeiro diálogo entre Tobias e George, Tobias Cooper é sobrinho de um rico arquimago de Altamira, Michael Cooper, que paga grandes quantias para os magos que consigam reviver membros de sua família. George é um aprendiz de mago que trabalha no setor de cura e criação da cidade de Altamira, em geral George faz a triagem das pessoas e as despacha para as demais cidades do mundo, mas hoje ele esta recebendo um extra para servir de guia de Tobias.
 Tobias no dia anterior acordou vestindo roupas brancas de hospital e falou com varias pessoas desconhecidas, suas últimas lembranças eram de estar internado com seus 19 anos depois de sofrer um atropelamento quando andava de bicicleta num final de semana, os médicos já não tinham muitas esperanças... Apesar disso ele agora esta vivo, e aparentemente se sentindo muito bem. No primeiro dia só perguntaram seu nome e checaram algumas informações, sem dar nenhuma explicação mais elaborada o sedaram, no outro dia ele acorda numa sala sem janelas e com uma luz fosca vindo do teto, na sala somente duas cadeiras bastante confortáveis, depois de alguns minutos acordado chega George, um sujeito vestindo um tipo de sobretudo acinzentado, e se apresenta:

- Ola senhor Tobias! Como esta se sentindo hoje? Meu nome é George... (cumprimentando Tobias)
- Ola! Cara, preciso pagar muito bem esse hospital, to me sentindo ótimo hoje, uns dias atras eu tava a beira da morte...
- Bom, você deve ter morrido, mas não se preocupe com isso agora.
- Nossa, eu fui pro céu?
- Vocês sempre perguntam a mesma coisa... mas não, e também não é o inferno, pelo menos não para você.
- Como é que é?
- É o seguinte, você morreu e nós o revivemos usando uma tecnologia muito avançada, não é bem tecnologia mas não importa agora, você viajou para o futuro.
- Você ta me zoando?
- Não; lembra do seu tio Michael, pois é, ele pagou uma nota para trazer você de volta, e vai te sustentar aqui nessa cidade para o resto da sua vida, você é um sujeito de sorte.
- Não preciso trabalhar?
- Quase ninguém mais precisa, não nessa cidade, pelo menos não como era na sua época.
- Cara, eu acho que eu consigo gostar daqui, que ano estamos? 10.000?
- Não, ninguém sabe ao certo, mas provavelmente muito mais, pelo menos uns 200.000 anos eu diria, mas não tenho como saber.
- Onde estamos?
- Na cidade de Altamira...
- Altamira, isso é na costa oeste?
- Não estamos na América...
- Mas você fala inglês...
- Por acaso falo, mas aqui todos se entendem, que ano você morreu?
- 2007 acho...
- Então, vamos por partes, você não esta na Terra, aqui é um outro planeta, chamamos de Gates, e as pessoas vem de diversos locais, diversas épocas, e até de diversas dimensões, provavelmente a América onde eu não nasci era bem diferente da sua.
- Outra dimensão, cara, que viagem...
- Vamos ver, em que ano terminou a segunda guerra mundial para você?
- Guerra mundial, que porcaria é essa?
- Você não foi na escola? Na Terra a guerra terminou em 1951, mas é raro encontrar gente de onde eu vim...
- Lógico que fui na escola, eu era muito nerd, tinha disso de onde você veio?
- Sim...
- Os Estados Unidos da América não se envolveu em nenhuma guerra desde 1899, todo mundo sabe disso, somos a nação mais pacífica do mundo.
- Certo... Pois é, alguns magos conseguem criar versões restritas da realidade, a minha realidade é uma versão também, ninguém sabe ao certo qual delas foi a original.
- Que loucura cara, então posso encontrar um clone meu andando por ai?
- Não seria exatamente um clone, mas sim, entretanto as chances disso acontecer são bem pequenas.
- Cara, quem ta vivo aqui além do meu tio, alias, é meu tio mesmo?
- Sim, com certeza vocês são da mesma dimensão...
- E meus pais?
- Espera um pouco (George tirando do sobretudo algo parecido com um notebook, ele nem digita nada, só observa um monitor flutuante e translucido e já sai falando), vamos ver... não, só seu tio e alguns parentes distantes por enquanto...
- Como faço para trazer meus pais de volta, e meus amigos?
- Vá com calma, isso leva tempo, mas pode ficar tranquilo, você tem a eternidade para procurar se quiser.
- Como é que é?
- Ninguém mais morre aqui, não por idade, se você ficar longe de encrenca vai viver para sempre, e sempre jovem.
- Como é que é, vou viver pra sempre, preciso tomar sangue pra isso ou coisa assim?
- Claro que não.
- Como é isso então? Você falou de magos não é?
- Sim, a imortalidade é provida pela cidade para todos via tecnologia pura, a parte de regular a idade também, a parte de trazer alguém de volta a vida é feita por magia, pelo menos por enquanto, mas daqui a algum tempo podemos resolver esse problema também.
- Qual é a diferença de magia e tecnologia então?
- Tecnologia nós sabemos como funciona...
- Então vocês usam magia sem saber o que é? Precisa de varinha mágica ou coisa assim?
- Não é bem isso... Seu tio pode lhe explicar melhor, digamos que magia é uma coisa nativa deste lugar onde estamos agora, nós a aprendemos, ela provavelmente foi desenvolvida por outros que não conhecemos, quando chegamos aqui ela já existia e nós aprendemos como usar, só isso, mas não conseguimos explicar de maneira razoável como ela funciona...
- Não entendi muito bem esse esquema ai, tecnologia não era 100% também, tipo, nunca entendi porque a gravidade era da forma que me ensinaram na escola...
- É a mesma coisa, digamos que o que eu chamo de tecnologia nós descobrimos observando a natureza, e magia é um conjunto de poderes que já estavam aqui quando chegamos, não da para traçar o caminho de volta do conhecimento, pelo menos não até o momento...
- Certo...
- Olha, eu disse para você ficar longe de encrenca, magia pode ser categorizado como encrenca, então vai com calma...
- Mas espera ai, você é um mago não?
- Sou, mas diferente do seu tio eu quase não consigo me manter aqui nessa cidade, financeiramente...
- Então você tem de trabalhar, tá servindo de babá para mim porque meu tio deve ta cheio de coisas para fazer, é isso?
- Pode-se dizer que sim, mas como disse, o custo de vida de um mago e bem mais alto que de uma pessoa comum...
- Espera um pouco, como assim?
- Esse mundo não e um mar de rosas para todo mundo, qualquer um que tem magia atrai monstros e coisas similares, então são poucos os magos permitidos de viver em Altamira, eu mesmo estou pensando em me mudar daqui uns anos para um local com menor custo de vida...
- Você ta de brincadeira, isso é uma pegadinha? Estamos vivendo num anime então?
- Não, anime não é coisa da minha época, eu morri na década de 70, veja você mesmo a cidade (George se levanta e abre o que parece ser uma janela na parede, do lado de fora, uma imensa metrópole de luzes até onde o olho pode ver, e a linha do horizonte alargada como se fosse um quadro surrealista que brinca com perspectivas).
- Shooooow!
- Essa é a cidade de Altamira, nesse mundo existem duas grandes cidades, Altamira e Nova Altamira, nestas cidades podemos viver de forma civilizada, fora delas a vida é bastante complicada...
- Não temos recursos para manter todo mundo aqui?
- Temos, os problemas são outros, em Altamira mora apenas quem tem muita grana, geralmente familiares e amigos dos chefes desse mundo, seu tio é um deles...
- Isso não parece bom...
- Já foi pior, eu particularmente prefiro viver em Nova Altamira atualmente, o custo de vida e bem reduzido e não há mais perigo de monstros atacando nem nada disso.
- Vamos ver se entendi, este é o local mais seguro do mundo e vive aqui quem tem grana, certo? O pessoal que vive fora daqui é pobre e tem de ralar e correr perigo pra sobrevier.
- É mais complicado...
- Sei... sempre é mais complicado, como se ganha grana aqui, que tipo de trabalho existe?
- Trabalhos não são comuns, você não precisa se preocupar com isso...
- Então é tipo uma monarquia, eu nasci na família certa então to de boa, você nasceu na errada se ferrou?
- Quase isso... A diferença é que os chefes de fato construíram essa cidade com as próprias mãos e alguns deram as próprias vidas defendendo o local, seu tio é um deles, ele não vai para o combate mas trabalhou milênios como mago provendo material e mantimentos para bilhões de pessoas, agora ele esta reconstruindo sua própria vida como era no passado, não vá condenando o sujeito até você saber exatamente como as coisas funcionam.
- OK, mesmo assim, não parece muito bom...
- As coisas mudam, a muito pouco tempo atras nós lutávamos para sobreviver todo dia, em alguns momentos não sabíamos sequer se a civilização sobreviveria, somente agora estamos tendo tempo para consertar as coisas, e é tudo muito complicado, veja Tobias, eu te disse que temos pessoas de todas as nações, épocas e realidades diferentes, imagine a dificuldade em se chegar a algum consenso, principalmente quando a maioria passou por grandes períodos de crise.
- ...
- Tem mais alguma pergunta, eu ainda tenho mais meia hora pra falar com você...
- Vai fazer o que depois daqui?
- Isso realmente importa?
- Cara, não faço ideia, é tudo muito doido para mim, o que você quer que eu pergunte?
- Desculpa, é que eu não costuma me afeiçoar muito com meus entrevistados, depois daqui ficarei mais 5 horas fazendo triagem das pessoas revividas, em geral demora meia hora por pessoa...
- Triagem, você trabalha num hospital?
- Sim, mas não com doentes, eu faço a triagem de pessoas que são revividas.
- Vocês só revivem os que pagam?
- Não, revivemos todo mundo que conseguimos...
- Mas porque? E cabe todo mundo?
- Sim, esse local e enorme, mesmo se revivermos todo mundo não cobriremos nem um milésimo do platô que engloba Altamira e Nova Altamira. E revivemos todos pois nós prezamos pela vida de todas as criaturas racionais que já pisaram na face desse universo, seja la quem eles forem.
- Peraí, você tá falando sério, vivemos numa porcaria de uma monarquia e você esta me dizendo que revivem as pessoas por motivos humanitários? Isso não faz o menor sentido.
- Ha! Você nasceu numa América que não entrou em guerra por mais de 100 anos e vem julgar que este local não faz o menor sentido, espere um pouco. Os motivos para reviver são estes mesmos, ideais defendidos pelos fundadores desta civilização, e não é muito difícil concordar com eles se você pensar melhor, veja bem, nós não morremos mais, nunca mais, em breve você vai estar se lembrando de seus familiares e amigos, depois vai começar a pensar nas pessoas que viviam na sua época, depois no que aconteceu no futuro depois da sua morte, e depois em reviver personalidades do passado que admira...
- Calma, acabei de chegar né...
- OK, como disse, eu não tenho muita paciência com as pessoas, mas vamos continuar...
- Você disse que faz a triagem, para que isso?
- Eu catalogo as pessoas, existe um sistema enorme de dados de todo mundo que revivemos, tentamos classificar por realidades, depois por épocas e localidades, e finalmente em núcleos de conhecidos e famílias. Mas meu serviço é tedioso, não posso me apegar com as pessoas que chegam a mim, você é uma exceção.
- Porque os caras são mandados para fora da cidade?
- Precisamente, hoje em dia não é um problema, mas antigamente, era praticamente uma sentença de morte, em alguns casos...
- Bacana, vocês reviviam o sujeito e mandavam ele para a morte certa.
- Não, mas algumas pessoas desenvolvem poderes ao chegar, a maioria delas tem alguma coisa, não magia, mas outras coisas... Infelizmente se colocássemos todo mundo num mesmo lugar todos morreriam, ainda hoje é perigoso, mas bem menos que no passado, então espalhar é uma necessidade. As pessoas vivem nas cidades e postos periféricos por anos, depois de juntar um dinheiro vão para Nova Altamira e ficam la para sempre, essa é a minha história pelo menos, estou na estrada a mais de 3.000 anos, mas escolhi magia a menos de 100 anos para seguir porque queria conhecer Altamira, consegui chegar até aqui mas cheguei a conclusão que a vida em Nova Altamira é mais interessante, estou planejando voltar para la como lhe disse.
- Então se meu tio não fosse milionário eu teria de trampar por 3000 anos para chegar até aqui?
- Provavelmente.
- Menos mal, pelo menos é possível se esforçar para chegar em algum lugar...
- É verdade, mas a maior parte das pessoas fica muito feliz dentro de seus cubos...
- Cubos?
- Sim, a cidade provê um local para você viver, seja la onde for no mundo, cada sala possui um cubo mágico e...
- Eu já tava começando a fazer sentido disso tudo...
- Bom... Enfim... Esse cubo materializa ou projeta holograficamente qualquer coisa que você precise, as versões mais baratas são tecnológicas, outras tem algo a mais, mas perceba, você pode viver uma eternidade numa ilusão perfeita como se fosse um Deus, só saindo para socializar, existe a opção de viver em conjunto com amigos e família num mesmo cubo, seu tio deve propor isso para você algum dia...
- Cara, nada contra meu tio mas to achando esquema arrumar algum trabalho em algum outro lugar, só para garantir...
- Vamos com calma, não precisa se preocupar com isso agora, depois que você começar a usar esses cubos vai precisar de uma grande força de vontade para fazer qualquer outra coisa... Mesmo porque pode fazer de tudo la dentro.
- Valeu por avisar cara.
- Mas não é como uma droga, os cubos não costumam viciar, é interessante, depois de algum tempo você começa a sentir necessidade de se sociabilizar com alguma coisa que não seja uma materialização de sua imaginação...
- OK... mas esses cubos são privados né?
- Sim, é garantida a privacidade total dentro deles, mas tudo lá dentro é uma construção da sua imaginação, não tem nada externo independente, a não ser que você permita a entrada de terceiros...
- Então eu não posso imaginar uma pessoa lá dentro, não com inteligência própria?
- Existem restrições, você pode colocar uma IA no seu cubo para tomar conta de um androide, mas não uma IA autônoma, IAs autônomas tem os mesmos direitos que você, inclusive, algumas vivem em seus próprios cubos...
- Que doideira...
- Meu chefe é uma IA autônoma, e nós só nos entendemos porque exitem nanobots espalhados nos nossos cérebros que captam nossa fala e audição e uma IA semi-autônoma da cidade faz o serviço de tradução.
- Peraí, mas você não é americano?
- Sou, mas somos de realidades diferentes, ou dimensões, nosso inglês deve ser bem diferente imagino, alias, as línguas naturais são um dos critérios para fazer a triagem.
- Mas como funciona isso, não da para traduzir com essa perfeição coisas no computador, pelo menos não na minha época?
- A IA entende o que você fala realmente, e repassa as conversas quase que instantaneamente, não é um processo completamente mecânico, ele envolve interpretação e alguma inteligência real, não sei como especificar isso exatamente, mas você pode perguntar para um tecnólogo que ele lhe explicará os detalhes, aqui temos o equivalente a internet também, eu morri quando ela ainda era um projeto militar mas já me atualizei nesses últimos 3.000 anos.
- Mas essa IA tem como desligar?
- Tem, mas relaxa, ela não registra as traduções; é sério, o pessoal foi paranoico o suficiente. E tem mais, as IAs que traduzem fazem revezamento todo ano, esse é um dos serviços mais bem pagos da cidade, como exige uma certa independência na interpretação não da para automatizar o negócio.
- Desliga um pouco essa IA aí e deixa eu ouvir sua voz.
- Ok, vou desligar a de nós dois agora por um momento... Bago U wufanom a I pikom?
- Dude, this is not English...
- Certo, não entendi nada do que você me disse... Eu te perguntei se você me entendia.
- Eu falei que não era inglês, mas não entendi nada...
- Bom Tobias, já deu a meia hora quase, vou te explicar agora rapidinho como os cubos funcionam, vou te dar o link do seu tio e outras coisas básicas sobre a cidade, vou deixar aqui meu link também mas acredito que você se vira depois de te explicar como acessa a internet, em todo caso, se precisar é só marcar horário que eu apareço, OK?
- Tá certo... George né?
- Sim, vamos la, isso aqui é um cubo, a frente dele é o materializador, esse seu cubo aqui é pra valer, a maioria das pessoas usa um que só projeta coisas, sinceramente, não faz muita diferença, a não ser que você pode levar para rua algumas coisas. A direita esta a interface de internet, é um pouco diferente de um computador pois quase ninguém usa teclado, só falar consigo mesmo mentalmente que as palavras aparecem, se você treinar vai ver que é muito mais rápido assim, mas se você gosta do estilo antigo e só mover os dedos como se quisesse digitar, assim, viu, pronto, uma interface similar a que você deve estar habituado. A parte esquerda invoca um android de ajuda, veja, este esta configurado como um papagaio.. tosco, você pode mudar para qualquer coisa, só não coloca nada muito pornográfico aqui que qualquer um que você convide para usar seu cubo pode eventualmente ver o que você colocou, em cima é para serviços, como comida, comunicação direta, entre outras coisas, e em baixo é para configurar a mobília da casa, decoração dos quartos, e tudo o mais, atras entra nos menus opcionais, vou passar rapidinho pelo que achei mais útil, mas o helper pode te explicar melhor essas partes...

 E assim Tobias chegou a Gates e viveu feliz para todo o sempre dentro de seu cubo... ou não.

13 julho 2011

O mais antigo dos registros

 A parte mais antiga dos registros históricos conhecidos menciona um conjunto de cavaleiros* que sobreviveu a um cataclismo, entretanto não existem evidencias desse desastre. O relato sobre este tema é visto com grande receio depois do banimento dos cavaleiros* e a maior parte dos historiadores considera este relato uma mitologia.
 Sabe-se que um conjunto de 19 cavaleiros vivia num local chamado Gates (Portais em português, manteve-se o nome em inglês por ser a língua dos primeiros colonizadores e também pelo significado e verbalização serem similares tanto em inglês como na linguagem nativa de Gates), aparentemente o local era um planeta que girava ao redor de uma estrela isolada das demais galáxias, é sabido que o local é extremamente distante da Terra (a luz da Terra quando a vida havia começado sequer havia chegado a Gates na época dos cavaleiros) e que ele é ponto de saída para experimentos de dobra espacial, supõem-se que seja este o motivo deste local ter sido colonizado.
 Pouco se sabe sobre a vida em Gates, as únicas informações são pertinentes ao que esses 19 cavaleiros sobreviventes estavam fazendo no momento do cataclismo.
 Depois de um longo entrave com o Sistema, e de problemas herdados da época da colonização, Gates finalmente se encontrara num período de grande prosperidade, grandes metrópoles se espalharam pelo planeta e o conhecimento dos poderes nativos se desenvolvia a passos largos. Nesta época dourada os cavaleiros se empenhava para consertar os erros do passado.
 A missão deles era a seguinte, no período conturbado anterior um conjunto de indivíduos* entrou no mundo subterrâneo com a intenção de resgatar antigos artefatos que pudessem ajudar a combater o Sistema, é sabido que o Sistema pessoalmente tentou lacrar os portais para o mundo subterrâneo e também é sabido que justamente estes portais foram importantes para nomear o mundo onde viviam, apesar da campanha de desinformação do Sistema ter sido eficiente, grande parte do conhecimento antigo foi passado adiante pelas casas de cavaleiros de Gates.
 Apesar da intenção dos cavaleiros ser legítima o progresso era muito lento, com as casas da Academia* de cavaleiros destruída, o expurgo completo da quinta casa, e a situação complicada dos portais para o submundo tornava quase impossível fazer qualquer coisa. O maior dos problemas era o seguinte, o primeiro grupo que entrou era o único a possuir o equivalente às chaves do local, e o portal foi fechado assim que entraram, provavelmente pelo Sistema.
 Esse grupo de cavaleiros entretanto veio bem equipado para a missão, eles continham no grupo indivíduos com as mais diversas habilidades, com eles estava também a melhor nave que a tecnologia pode construir até então (a entrada para o mundo subterrâneo é uma estrutura imensa que se localizava no polo Sul de Gates, o salão de entrada ficava completamente debaixo do solo com mais de 10 Quilômetros de raio*, sendo que este salão não era o maior de toda a estrutura).
 Depois de 2 ou 3 anos dentro dos salões dos portais de entrada ao mundo subterrâneo chegou o cataclismo, sem nenhum aviso ou sinal um imenso terremoto foi sentido por todos, a nave detectou distorções gravitacionais do lado de fora, como se o planeta inteiro houvesse explodido, e de fato, ao sair do abrigo os cavaleiros perceberam que o planeta havia sido pulverizado, só sobrando uma massa negra do tamanho de uma Lua que seria a casca que envolvia o mundo subterrâneo. A explosão varreu o planeta inteiro e todo o sistema estelar ao redor, a única coisa que podia ser observada eram detritos espaciais fumegantes formando um halo esférico ao redor do pedaço de terra onde eles estavam.
 Numa questão de minutos após o cataclismo saíram dos portais dois demônios e sem mais conversa iniciaram um combate com os cavaleiros, neste combate 6 dos cavaleiros cairam* e o resto saiu em fuga para reagrupar e entender o que estava acontecendo, especula-se, pelas descrições dos combates, que estes dois demônios seriam os deuses da Gates moderna.
 Momentos após o combate os cavaleiros descobriram, perplexos, que não era possível reviver seus companheiros mortos, descobriram também que não era possível reviver nenhuma pessoa que viveu para ver como se deu o cataclismo, nem mesmo os que estavam em outras dimensões, todos haviam sido banidos do universo* e eles estavam sozinhos naquele lugar.
 Neste momento muito se discutiu a respeito do que fazer, os cavaleiros estão decidiram voltar para a entrada do mundo subterrâneo para tentar descobrir alguma coisa mas esta não foi uma decisão unanime, dois dos cavaleiros, Adamastor e Amanda, não puderam se esquecer dos seres humanos que poderiam estar vivos na Terra e decidiram abandonar o grupo original, Adamastor era aprendiz de mago da quarta casa da Academia, e Amanda era a chefe de tecnologia da Academia, ela mesmo havia projetado a Omega Excelsior, a nave que transportou até então o grupo. Nunca mais se soube de Adamastor e Amanda*, nem da Omega Excelsior, e nem de sobreviventes da Terra depois do cataclismo, não se sabe se eles conseguiram isolar os sobrevivente na Terra a tempo ou se morreram tentando.
 Agora o reduzido grupo de 11 cavaleiros começou a tentar reviver qualquer pessoa, e descobriram que os únicos que reviviam eram pessoas da Terra antiga, e foi desta forma que a Gates moderna* começou a ser habitada, os cavaleiros de alguma forma solidificaram e colonizaram os escombros estelares ao redor de Gates e assim a civilização teve início.
 Não se tem muitas informações sobre isso pois o período foi bastante conturbado, os demônios que vieram do mundo subterrâneo caçaram os cavaleiros quando havia a oportunidade e pouco tempo depois surgiu no mundo o que as pessoas chamam de Estrela do Inferno*, era aparentemente uma estrela ou nave que irradiava uma intensa luz avermelhada e que destruía tudo que conseguisse visualizar a sua luz, esta estrela parecia ter um interesse particular nos cavaleiros e ela foi responsável pela morte de todos os 11 em menos de 100 anos no início da civilização, um destes cavaleiros não foi morto pela Estrela do Inferno, era um cavaleiro da oitava casa da Academia e membro da ordem de Tempus*, ele se dedicou a descobrir o que era a Estrela do Inferno, dizem que ele se suicidou durante a pesquisa, uma atitude bastante incompatível com sua posição de cavaleiro, acredita-se que algo deva te-lo enlouquecido em algum momento.
 Essa história raramente é aceita em Gates moderno tanto pela aversão a cavaleiros e a tudo que diga respeito a eles como pela falta de evidências de que ela de fato ocorreu, em geral a história e contada de forma a jogar na mão dos cavaleiros a culpa pelo cataclismo e a origem de várias vicissitudes do mundo atual, de fato se percebe que tanto os demônios como a Estrela do Inferno tinham um ódio particular contra cavaleiros, mas a sobrevivência deles e seus poderes simplesmente não parecem ser suficientes para explicar os motivos deste ódio, e esta explicação permanece um mistério até os dias atuais.

Notas de sistema:
Cavaleiros: São indivíduos capazes de usar sua própria vontade e essência para alterar a realidade, a técnica para tal é chamada de Arte dos Cavaleiros e em termos de potencial ela é mais potente que a magia mas muito mais restrita e demorada, enquanto um mago pode chegar a possuir centenas de magias ao longo da vida um cavaleiro em geral possui apenas uma técnica específica, em raros casos possuem 2 ou 3, nunca se soube de um cavaleiro com uma dezena de técnicas aprendidas por exemplo.
 Banimento dos cavaleiros na Gates moderna: Considerando o ano zero sendo o da fundação da cidade de Altamira, no ano de 8028 foi deflagrada a guerra aos cavaleiros, que consistiu num conflito entre cavaleiros e o resto da sociedade ao se constatar que a causa de todas as grandes catástrofes mundiais era causada por eles, mesmo que indiretamente. Num primeiro momento foi proibida a passagem de ensinamentos de um cavaleiro para outro, sendo essa a única maneira de ensinar a Arte dos Cavaleiros(uma vez que a Academia havia sido pulverizada), os cavaleiros concordaram quase que em unanimidade com isso, só que alguns setores da sociedade pareciam ter interesses no sumiço dos cavaleiros, e usou os dissidentes para mover uma caçada que ficou conhecida como expurgo dos cavaleiros ou banimento dos cavaleiros. no ano de 10.000(quando as campanhas de jogo usualmente se iniciam) são poucos os sinais de cavaleiros no mundo, e os problemas também aparentemente se foram com eles, apesar do método do expurgo ser cruel ele parece ter tido um enorme impacto no período de calmaria que veio depois.
 Comitiva da quinta casa é o nome dado a este grupo de indivíduos, sabe-se que esta comitiva fracassou em regressar a Gates e que se encontra paralisada no tempo para toda a eternidade no mundo subterrâneo, essa comitiva não foi a causa da queda da quinta casa da Academia, apesar de que dos dois últimos cavaleiros da quinta casa um deles ser o líder desta comitiva e o outro ter sido morto num conflito dentro da própria Academia apenas alguns anos depois da comitiva partir(o que ficou conhecido como o fim da quinta casa, sem cavaleiros e sem Academia esta linha de cavaleiros foi a primeira a ser extinta). Esta comitiva também não foi a causa do cataclismo nem da Estrela do Inferno ter surgido, mas a forma com que morreram sugere que interferiram de alguma forma nestes assuntos, sabe-se da situação deles através de informações registradas na Psynet que estavam ativas desde a época em que partiram para o mundo subterrâneo.
 Casas da Academia de Gates antiga: Os cavaleiros surgiram destes locais, eram 8 casas ao todo, a quinta casa foi a primeira a ser destruída e seus cavaleiros desaparecerem, a casa foi lacrada ainda no período de guerra contra o sistema e os últimos cavaleiros morreram alguns anos antes do Cataclismo, como a casa estava lacrada e antes de qualquer um poder entrar la para  reaprender a linhagem ela ter sido destruída esta ficou conhecida como a única casa que se tem certeza de ter sumido completamente na Gates moderna. Sem as casas da academia a única maneira de uma pessoa se tornar um cavaleiro e aprender por décadas sob a tutela direta e individual de outro cavaleiro.
 Estruturas de Gates antigas: As lendas sobre as construções de Gates antiga parecem não fazer nenhum sentido, supõe-se que estas estruturas tenham sido criadas por alguma coisa antes da humanidade chegar a Gates, mas como elas não existem mais toda informação sobre elas fica apenas no campo das hipóteses.
O Combate do Cataclismo: É um combate reconhecido historicamente e é colocada a culpa pela existência dos demônios na covardia dos cavaleiros durante este combate, apesar desta visão ser bastante enviesada na Gates moderna ela não é ao todo falsa, os próprios cavaleiros reconheceram nos anos que se seguiram que perderam a oportunidade de resolver o problema naquele momento e confiaram demais nos poderes de ressurreição sem perceber que seus companheiros no combate estavam sendo mortos em definitivo.
Banimento do universo: Não se sabe direito o processo que é feito, mas uma fez banido um indivíduo jamais poderá retornar a vida, é como se ele jamais tivesse existido tanto para efeitos de magias de ressurreição como para metodologias tecnológicas. Só existe uma magia capaz de tentar banir algo, mas ela é extremamente custosa e na grande maioria das vezes não tem efeito algum, somente arquimagos de extremo poder conseguiram ver uma delas funcionando, e a experiência não foi nada boa dado seu silêncio a respeito.
 Amanda e Adamastor: Os cavaleiros nunca retornaram, não se sabe se eles ainda estão vivos, assim como não se sabe se estão mortos, nem se sabe do que aconteceu no período de Cataclismo, o que se sabe é que o universo antes jovem praticamente morreu depois disso, no céu sobraram somente alguns pontos vermelhos, restos do que um dia foram estrelas.
 Gates moderna certamente não é Gates, é uma casca de terra e gelo com raio duas vezes maior que a nuvem de Orth, algum tipo de material bastante resistente parece manter o conjunto coeso(apesar da matéria ir lentamente se agrupando ao longo do tempo, como a estrutura ainda é muito recente esse efeito não pode ainda ser observado), existe também uma aberração gravitacional na parte externa desta casca localizada a aproximadamente 300 Km. da superfície que parece ter alguma interferência na manutenção da estrutura também, não se sabe se estes efeitos foram de fato planejados pelos antigos ou se são alguma outra coisa.
 Estrela do Inferno(Hell Star) sumiu em menos de um século depois do banimento dos cavaleiros na Gates moderna, ninguém sabe o que ela foi, mas é conhecido que qualquer informação ou conhecimento mais aprofundado sobre ela trás a morte ao portador, e em geral é uma morte bizarra o suficiente para ficar bem claro que alguma coisa muito estranha o matou, se isto é uma política oculta dos poderosos que comandam Gates antiga ou não é um mistério.
 Ordem de Tempus*: Ordem de cavaleiros isolados da academia(a maioria oriundos da oitava casa) que estudavam as estruturas no polo Norte da Gates antiga, nada se sabe sobre a ordem uma vez que era uma das principais fontes de stress para o Sistema.

O Sistema

  2302 AD, Terra

  Junto com o novo século veio a esperança de imortalidade para a humanidade, não a metafísica nem as formas poéticas de eternidade, mas a possibilidade de um ser racional viver para sempre, literalmente, ver com os próprios olhos os últimos segundos do universo, seja lá quando ele terminar.
  A ideia já era comum, na ficção e na ciência, mas a instrumentabilidade da vida eterna chegou cedo demais, foi mais rápida que a colonização espacial e os sonhos de inteligencia artificial, em poucas décadas surgiu o problema, se ninguém mais morrer como vamos fazer?
  No início se discutia sobre os recursos para manter uma sociedade onde todos eram imortais, mas antes dos recursos se tornarem um problema a parte do todos imortais foi um problema, tornar uma pessoa imortal era custoso e demorado, não foi possível do dia para a noite abolir a morte, e uma vez que a morte chegava não havia volta.
  Cada nação foi resolvendo esta questão da sua própria maneira, em particular os que primeiro chegaram a imortalidade foram os responsáveis pelo Sistema.
  A descoberta da eternidade não foi uma pesquisa focada com este objetivo, mas um efeito observado no tratamento médico, desta forma muitos dos supostos descobridores morreram antes de sua implementação, pois bem, no final da década de 2340 havia muita comoção sobre quem deveria morrer e quem ficaria vagando na Terra para sempre, como forma de ganhar tempo chegou-se ao consenso que os primeiros a serem contemplados com a eternidade deveriam ser os sujeitos que a tornaram possível.
 Alguns poucos descobridores mortos foram congelados, enquanto outros tinham parte de suas personalidades registradas eletronicamente, a ideia seria trazer de volta esse pessoal, desta forma se ganharia tempo para a tecnologia conseguir resolver os problemas da imortalidade para todos assim como a ideia de que era possível fazer um sujeito voltar a vida mesmo morto supostamente acalmaria os revoltosos, mas não funcionou...
 Já era difícil fazer um sujeito não morrer, trazer algum de volta depois da morte ou a partir de registros precários era impossível na época, mas se tentou fazer isso mesmo assim. No ano de 2352 se deu início a guerra, não mundial como as do milênio passado, mas internas e envolvendo as nações mais poderosas, a guerra em si teve motivos nebulosos, parte ideológica quando se discutia se era correto viver para sempre neste mundo ou não, parte maquiavélica quando se chegava a conclusão que o mundo precisaria de mais espaço nos próximos anos.
 Durante os anos de guerra o projeto de reviver os descobridores mortos foi concluído, mas o resultado foi algo bem longe de um ser humano, como era necessária a apresentação de uma experiência de sucesso a criatura imortal era um conjunto de retalhos de memórias de vários dos tais descobridores com uma interface que fazia parecer que todos os envolvidos de fato haviam revivido, depois da guerra a ideia era encostar a coisa num canto e nunca mais lembrar dela mas a informação vazou e a solução foi terrível, a criatura foi então usada para se consultar qual seria a prioridade para a imortalidade, desta forma se comprovaria a capacidade intelectual dos supostos descobridores.
 A coisa toda parecia funcionar, até bem demais, no início, os resultados que a criatura gerava eram bastante satisfatórios, o que de certa forma impressionou até os criadores, a coisa deu tão certo que os próprios criadores acabaram acreditando nas próprias mentiras que venderam, a criatura foi então batizada de Sistema e ela praticamente implementou a imortalidade para todos.
 Depois do grande sucesso do Sistema a utilidade dele como instrumento de pesquisa e juiz de quem é imortal foi superado, finalmente o Sistema poderia se aposentar e dedicar mais tempo para ser ele mesmo, aí começaram os problemas.
 O Sistema não era uma pessoa, e a identidade dele se resumia quase que completamente aquilo que ele deveria apresentar ao público, ou seja, sua funcionalidade, quando ele não se tornou mais útil o Sistema ficou maluco, só que seus criadores ou não perceberam isso ou temiam que os conflitos da época da guerra voltassem a tona.
 Como o Sistema era imortal os problemas não iam sumir com o tempo, a história do que exatamente ocorreu a partir do século 2400 em diante é nebulosa, pois os agentes que de fato sabiam do que estava ocorrendo eram poucos. Mas o que se sabe é que nenhum dos criadores envolvidos com o Sistema sobreviveu até 2450, eles morreram numa acidente em uma viagem para a Lua, alguns dizem que eles foram então incorporados ao Sistema (o sistema de sobrevivencia pifou e os corpos foram congelados no espaço) mas não há como ter certeza. O Sistema então começou a agir com grande independência, e escolheu seguir com as pesquisas da imortalidade focando agora na expansão e colonização espacial. Na Terra as últimas informações registradas do Sistema é que ele sofreu um acidente com testes de motores de dobra, ele não foi destruído no teste, mas nunca mais retornou a Terra nem a nenhum planeta colonizado pelos humanos até o ano de 43708, o último ano que se tem registro de um ser humano vivo na região da Terra, o que aconteceu nesse ano é um assunto controverso, que será tratado em algum outro momento, e que, já adiantando, pouco tem em relação ao Sistema.

Memórias

 Não se sabe onde nem quando se vive aqui, para os que renasceram neste mundo só restam as memórias, mas não há como saber se elas foram realmente vividas...